quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O "erro material" do delegado aecista da PF


Algo absurdo ocorreu por ocasião das prisões dos empreiteiros na Operação Lava-Jato. José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento da Petrobrás, que substituiu o larápio Paulo Roberto Costa, acusado de fazer negócios com Alberto Youssef e as empreiteiras, simplesmente foi vítima de "um erro material" conforme admitiu a Polícia Federal, através de nota assinada pelo delegado Márcio Adriano Anselsmo. 
Aos leitores, gostaria de lembrar que o delegado Anselmo é aquele que, no Facebook, chamava de "anta" o ex-presidente Lula. 
É muito curioso - e coloca curioso nisso - que o quanto tenha sido criterioso este senhor tenha sido, que por "erro material", incluído nos interrogatórios onde Cosenza é objeto da mesma pergunta que se faz em relação ao ex-diretor Renato Duque e Nestor Cerveró. 
O "erro material" dos delegados serviu para Cosenza ser execrado até esta quinta-feira em manchetes de jornal e na televisão. Na quinta, aliás, a "Folha" o demitiu praticamente. De acordo com o  porta-voz do PSDB na grande imprensa (entre outros), "ministros ouvidos pela Folha afirmam que sua saída se tornou inevitável" após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef o colocarem na lista de suspeitos de terem recebido "comissões". 
A pergunta que não quer calar. Colocaram? Não sabemos, por que os rapazes que cometem "erro material" não informam, embora tenham afirmado que ele foi citado quando não foi citado. 
É o espetáculo com a honra alheia. Até porque o mínimo que se pode esperar de um corrupto como Paulo Roberto Costa é que aja como o famoso bordão humorístico "sou, mas quem não é"? 
Mas o delegado aecista Anselmo, que cometeu este "pequeno erro material" de confirmar desonrar alguém só desmentiu isso - mesmo 24 horas depois - porque alguém, finalmente, lhe acertou os calos. 
Senão, Cosenza estaria até agora na sua lista dos ladrões, e olhe lá se não pode entrar de novo, caso a PF ache algum "erro material" em sua vida, como comprar um apartamento ou vender um automóvel, para confirmar o "sou, mas quem não é? de Paulo Roberto Costa? 
Afinal, é uma pessoa que movimenta, por força do cargo, bilhões em contratos e para dizer que está "levando algum" basta a irresponsabilidade do disse me disse. Ninguém pode, previamente, comprovar que este seja honesto, quando não se sabe do que se o acusa. E, principalmente, quando se acusa por "erro material", dizendo que disseram o que não disseram dele. 
Mas o efeito é terrível. Diga-me o leitor: no lugar do senhor Cosenza, agora, o caro amigo assinaria um contrato de compra de clips de papel? Cosenza talvez não tenha mais como trabalhar, o que não ocorre, porque ninguém o afasta, como o delegado Anselmo. Talvez fosse conveniente lembrar ao delegado das "antas" que a honra é um bem constitucionalmente protegido e quem, lança à lama o nome de alguém que deve pagar por isso. 
O correto seria que este delegado das "antas" fosse demitido para o bem do serviço público. Infelizmente, o delegado das "antas" continuará dando o seu espetáculo particular, sem que nada aconteça com ele. Lamentavelmente. 

sábado, 15 de novembro de 2014

O eleitorismo dos delegados da Polícia Federal

Durante o período eleitoral, delegados da Polícia Federal usaram as redes sociais para elogiar Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, e para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Roussef, que disputava a reeleição, bem como a repicar conteúdos críticos aos petistas. 
Esses policiais, que mostraram ser anti-petistas militantes e radicais, são simplesmente os responsáveis pela Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás, empreiteiras, doleiros, partidos políticos, funcionários e ex-funcionários da estatal. Pela primeira vez os rostos destes delegados estão sendo mostrados. Para isso, blogs estão publicando os rostos dos policiais e como tais delegados mudam de  nome dependendo da situação. 
Entretanto, a superoperação da Polícia Federal no caso Petrobras na manhã de sexta-feira parece feita sob medida. O estardalhaço tende a desviar as atenções das denúncias - frescas e de alta relevância - sobre o comportamento brutalmente partidário dos delegados encarregados das investigações. 
As informações sobre o anti-petismo estrondoso dos delegados da PF colocaram uma sombra copiosa de dúvida sobre a qualidade das apurações da PF. Ódio partidário influencia qualquer investigação. Inimigos são tratados como extremo rigor e amigos podem ser convenientemente engavetados caso alguma coisa comprometedora apareça. 
O caso do Helicoca é exemplar: como a PF conseguiu não apurar nada, com tantas evidências? Como a ligação com os Perrelas, os donos do helicóptero, foi tão rapidamente descartada? Aparentemente, a nova fase da operação Lava Jato assinala u ma guerra fria entre a PF e o PT. Há similitudes no comportamento da PF e da Mídia. Grandes organizações jornalísticas, quando alguém as aborrece, costumam promover uma retaliação imediata na qual não são poupados os feridos. 
A Globo é mestra nisso, mas está longe de ser um caso único. Num mundo menos imperfeito, as coisas não seriam assim. Mas, no Brasil 2014, são. A PF tem que ser reinventada. Tanto a PF como as polícias militares são, para ser a grandes expressão de Brizola, filhotes da ditadura. A mentalidade dominante ali é aquela segundo a qual a esquerda come criancinhas. É o tipo de pensamento com o qual a imprensa, a Globo de Roberto Marinho à frente, intoxicou mentalmente os brasileiros na época dos militares. As polícias brasileiras são dominadas por uma cultura, ou falta de cultura, de extrema direita. É esta cultura que tem quer ser enfrentada com disciplina, método - e rapidez. 


domingo, 9 de novembro de 2014

A farsa do Mensalão

Gostaríamos de recomendar a leitura de um texto publicado pelo advogado Pedro Maciel intitulado "Que interesses levaram Barbosa a fraudar a AP-470?", também conhecida como o "Mensalão". 
O artigo analisa a decisão da justiça italiana de engar extradição ao ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato. Em seu texto, Maciel lembra que o ex-ministro presidente do Supremo e relator da AP-470, Joaquim Barbosa, omitiu todas as informações constantes do inquérito 2474, que inocentava Pizzolato e desmontava a falsa lógica criada em cima do processo. 
"Esse inquérito policial (2474) traria elementos que permitiriam à Justiça, aos réus e à sociedade, entender o contexto das denúncias, num quadro maior. E trazia documentos, reitero, que inocentavam Pizzolato, como o Laudo 2828, feito pela Polícia Federal, a pedido do próprio Joaquim Barbosa e da Procuradoria, e que atestava categoricamente a inocência de Pizzolato e Gushiken", afirma Maciel em seu artigo. 
O advogado recorda, ainda, que os réus da AP-480 - entre os quais o ex-ministro José Dirceu - foram privados do direito ao duplo grau de jurisdição e tiveram o processo e o julgamento direto no Supremo Tribunal Federal (STF), sem direito a outras instâncias. Nem aqueles que não teriam ao chamado foro privilegiado - caso de Dirceu que já era parlamentar ou ministro. Era o mesmo caso de Pizzolato. "Pizzolato não tinha mandato político e, portanto, deveria ser julgado em primeira instância, e não num STF transformado em tribunal midiático de exceção", diz Maciel. 
Maciel constata, assim, que a farsa do julgamento da AP-470 não resiste a um Judiciário - como o italiano - que não está sujeito a pressão da grande mídia, ou, como alguns preferem chamar, do Partido da Imprensa Golpista.
Diante disso, sugiro que leitam o artigo completo do advogado em Quais interesses levaram Barbosa a fraudar a AP 470?

domingo, 2 de novembro de 2014

Meios de comunicação no Brasil agem como fascistas





O deputado pernambucano Fernando Ferro (PT) criou a expressão que se popularizou em todo o Brasil. Ele denominou a grande imprensa brasileira - e as médias e menores - como de Partido da Imprensa Golpista (PIG). Quando presidiu a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Judith Brito, afirmou que a grande imprensa representava, na verdade, "a oposição" no Brasil, já que os chamados "partidos de oposição" (PSDB, DEM, PPS) não tinham representatividade para tal. Tal fato se traduz naquilo que foi denominado de "Manchetômetro" por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) quando analisaram as manchetes dos principais jornais e televisões do país desde janeiro até as eleições de 26 de outubro. De acordo com esta pesquisa, 80% das manchetes eram contrárias ao PT e a Dilma, enquanto os outros 20% falavam de Aécio e Marina. Algo absurdo em um pais democrático. 
Essas eleições entram para a História do Brasil como o o momento mais nítido em que as corporações de mídia tentaram impor sua vontade ao povo. Mias do que em 1989, com a famosa edição do debate entre Lula e Collor. Mais do que em 2006, quando o foco do debate foi deslocado para pilhas de dinheiro fotografado por um agente da Polícia Federal na época. 
Em 2014 apostaram todas as fichas e, a contrário de outras vezes, não o fizeram veladamente. Assumiram seu papel de partido político de oposição, conforme conclamou Judith Brito, diretora-superintendente do Grupo Folha, ex-presidente da ANJ e colaboradora do Instituto Millenium. 
Faltando 11 dias para o segundo turno do pleito, os institutos de pesquisa davam empate técnico entre os dois candidatos - Aécio Neves à frente dois pontos, dentro da margem de erro. 
Como resposta, a militância de esquerda foi às ruas, os movimentos sociais organizados reforçaram sua participação na campanha e a candidata à reeleição partiu para o enfrentamento nos debates. O mote era um só: comparar os governos tucanos e petistas, o que garantiu vantagem a Lula e Dilma em praticamente  todos os setores. Se o oponente baixava o nível, a resposta vinha à altura.  
Nos oito dias seguintes, Datafolha e Ibope registraram crescimento de Dilma. Dilma encerrou a campanha com vantagem de 6 a 8 pontos de vantagem, cenário praticamente impossível de ser invertido em 48 horas. 
Aí surgiu a capa da revista Veja (também conhecida como o detrito a maré baixo da marginal do Pinheiros) na sexta-feira, antevéspera do pleito, acusando, sem provas, Lula e Dilma de terem conhecimento de desvios na Petrobrás. De sexta até domingo a Veja atingiria algo entre 500 mil e 1 milhão de pessoas. A maioria dos quais, no entanto, já tinham o voto decidido para Aécio. A capa da veja (com v minúsculo mesmo), por si só, merecia o repúdio na medida em que foi dado pela campanha do PT. A própria presidente Dilma usou parte do tempo de propaganda eleitoral para denunciar a manobra da revista. 
No entanto, foi o Jornal Nacional do sábado, véspera da eleição, o grande responsável pela interferência na vontade popular. No primeiro bloco, Dilma recebeu cinco minutos, com destaque no suposto medo de avião e nos problemas com a voz. Enquanto Aécio teve direito a 5'55'' a apresentá-lo como alguém incansável, que trabalha durante o voo e aparece com a esposa e os filhos no colo ("um cara família"). Em outro trecho, as imagens saltadas em repetição durante comícios, com a bandeira do Brasil nas costas, revelam, como num filme de ação, um homem destemido que estaria preparado para conduzir o destino da Nação.
Logo no início do segundo bloco, o JN exibiu extensa reportagem sobre a capa da veja. Aí, o que era de conhecimento de até 1 milhão de pessoas que já votariam em Aécio, alcançou 30-40 milhões de pessoas, entre as quais um sem número de indecisos. Isto na véspera do pleito, sem que houvesse tempo para se organizar a estratégia de enfrentamento desse verdadeiro crime midiático. Como resultado, a vantagem de 6-8 pontos de Dilma, caiu drasticamente, e quando  terminou a apuração as urnas sacramentaram 51,5% x 48,5%. 
O povo derrotou o golpe midiático e deu a vitória a Dilma. Agora o povo quer a democratização dos meios de comunicação, tarefa prioritária para o próximo governo. Até porque duvido muito que as forças progressistas vençam em 2018 se continuarem pedendo a batalha da comunicação porque os barões midiáticos robotizam a população de acordo com os interesses econômicos que representam.