segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Independência e o acordo das elites

A Independência do Brasil foi um grande acordo das elites. Infelizmente, os livros de História não oferecem aos alunos  - e às pessoas - o que realmente aconteceu para que D. Pedro I, no dia 7 de Setembro de 1822, no riacho do Ipiranga, gritasse a famosa frase "Independência ou Morte". À exemplo do que acontece em toda a história brasileira, a Independência foi um grande acordo, envolvendo D. Pedro I e o seu pai, D. João VI. 
O colonialismo atravessava uma grande crise nos séculos XVIII e XIX. Inúmeras revoltas envolviam países sob o jugo do imperialismo europeu. No Brasil, especificamente, inúmeras revoltas marcavam o cenário nos mais diferentes pontos do País, como a Revolta dos Malês, Balaiada, Sabinada, Revolução Farroupilha, etc. 
O Brasil estava a ponto de explodir. Prestes a um processo revolucionário. Enquanto isso, Portugal passava por inúmeras dificuldades econômicas, principalmente em relação a Inglaterra. Os ingleses eram a grande potência imperialista da época, a exemplo do que é hoje os Estados Unidos. Portugal devia uma fábula para a Inglaterra e não tinha como quitar esta dívida com os ingleses. 
Observando o cenário nada favorável para o domínio português no Brasil, percebendo que o país estava prestes a explodir, vivendo um processo pré-revolucionário, D.João VI propôs um acordo com o seu filho, D. Pedro I, o então imperador brasileiro na época. 
D. João VI propôs ao filho que oferecia a independência ao Brasil, desde que assumisse a dívida de 500 mil libras esterlinas que Portugal devia a Inglaterra. Caso D. Pedro I aceitasse esta proposta, D. João VI concederia a independência ao Brasil. Diante de um cenário explosivo e nada favorável, D. Pedro I não titubeou e aceitou a proposta do pai. 
Diante disso, no dia 7 de Setembro de 1822, D. Pedro I, acompanhado da Guarda Imperial, se dirigiu até o riacho do Ipiranga, em São Paulo, levantou a espada e gritou "Independência ou Morte", dando a imagem de que caso Portugal não aceitasse oferecer a autonomia ao Brasil, haveria guerra. Entretanto, tudo foi uma farsa. Na verdade, tudo já estava acordado com o pai, D. João VI, e aquele gesto só foi para "inglês ver". Ao oferecer a independência ao Brasil, D. João VI fez com o País também assumisse a dívida de 500 mil libras esterlinas com a Inglaterra, um pesado fardo que levou século para que o Brasil quitasse esta monstruosa dívida. 
Seria algo como US$ 100 bilhões em dinheiro atualmente. Esta dívida, somada às demais contraídas pelos governos posteriores, principalmente a partir de Juscelino Kubtschek de Oliveira e os governos militares, só foi paga pelo então presidente Luìs Inácio Lula da Silva no início dos anos 2000, quando assumiu a presidência da República. 
Este grande acordo entre pai e filho para a concessão da independência do Brasil é algo que perpassa a história brasileira. A história do Brasil é permeada de acordos entre as elites para que não fiquem longe do poder. Temos uma das elites mais reacionárias da América, e ao contrário do que aconteceu nos países da América Espanhola, não houve uma grande ruptura no Brasil. Um exemplo disso são os militares que nos países da América Espanhola pegaram cadeia brava após desrespeitarem os mínimos direitos humanos, enquanto no Brasil desfilam sem qualquer punição, apesar dos crimes que estiveram envolvidos durante o regime militar. 
As elites no Brasil contam com o beneplácito do Judiciário e da Imprensa que defendem este modelo. E combatem ferozmente governos trabalhistas que oferecem reformas importantes ao Brasil, como Getúlio Vargas, João Goulart, Lula e Dilma Roussef.