sexta-feira, 25 de março de 2016

A manipulação das massas

Estamos em plena sexta-feira santa. É um  momento oportuno para discutir a manipulação das massas. Os grandes meios de comunicação no Brasil, hoje nas mãos de onze famílias, vêm manipulando as massas desde que a presidenta Dilma Rousseff venceu as eleições em 2014. A manipulação das massas é feita de forma inconsciente, com os "meios de escravidão", como bem chama o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sérgio Caparelli, oferecendo notícias em conta-gotas ao público em prol de um lado e contra o outro. Normalmente, o lado que defendem são as elites, já que são membros destas elites. 
Um grande exemplo de manipulação das massas ocorreu quando da crucificação de Jesus Cristo. Os sacerdotes e fariseus, temendo o poder de Jesus Cristo, conseguiram fazer com que as pessoas que moravam naquela região do planeta à época "entendessem" que Jesus Cristo era uma pessoa extremamente perigosa, e por isso, deveria morrer. Quando Pôncio Pilatos brandou à multidão que estava em seu palácio quem queriam que soltassem - Jesus Cristo ou Barrabás - esta mesma multidão não titubeou e escolheu um bandido para ser solto. E gritavam em uníssono para que Pilatos autorizasse a crucificação de Jesus Cristo, o que ocorreu. 
Nos nossos tempos, a mesma coisa acontece quando uma emissora de televisão - a organização criminosa Rede Globo -, aliada a outros títeres menores como "Folha de S. Paulo", "Estado de S. Paulo" e "Veja" - também incitam a massa contra a presidenta Dilma Rousseff, contra quem não há qualquer acusação, e escondem verdadeiros bandidos da política nacional, como Aécio Neves, José Serra e outros perigosos. Além dela própria, já que está devendo R$ 1 bilhão para a Receita Federal e tem uma mansão construída na ilha de Parati com dinheiro de paraíso fiscal, entre outros crimes. 
Esta massa sai às ruas gritando palavras de ordens sem saber o que está fazendo. Várias reportagens publicadas durante manifestações mostram que muitas pessoas desconhecem o  por quê estão nas ruas. E manipulam a opinião pública com falsas informações ou as escondendo quando atingem "nobres" membros da oposição. 
Em uma sociedade capitalista como a nossa o conteúdo presente nos grandes meios de comunicação condiz aos interesses das classes dominantes. Sendo assim, a maior parte das mensagens transmitidas é ideologizada pelas elites. Mensagens estas que serão mais bem sucedidas à medida que o cidadão comum não se dê conta de seu caráter ideológico. Em outros termos, conforme enfatizou o pensador esloveno Slavoj Zizek, a mediação ideológica atinge os fins colimados quando as pessoas não a percebem. 
Não há como negar que a mídia ocupa um papel importante na sociedade contemporânea. Entretanto, no Brasil, os grandes veículos de comunicação estão concentrados nas mãos de poucas famílias que, embora não tenham o mesmo poder e influência de outras épocas, ainda decidem que tipo de informação a maioria dos brasileiros deve receber e quais não devem por não terem relevância jornalística ou por não atraírem o interesse do público consumidor. 
Desse modo, para que a mídia possa contemplar a pluralidade de ideias ou, como sugeriu Jurgen Habermas, aproximar-se de ser um mecanismo privilegiado da esfera pública que gere visibilidade para as demandas de diferentes grupos, é necessário que, questões como a democratização dos meios de comunicação, restrição de propriedades cruzadas de veículos midiáticos, regulamentação da programação e o incentivo de surgimento de rádios comunitárias sejam colocadas em pauta. 
Por outro lado, é importante salientar que as mudanças no âmbito dos meios de comunicação de massa, isoladamente não alteram a realidade. Utilizando um termo marxista, a mídia não é uma infraestrutura que determina outras instâncias sociais. É inócuo pensar em uma melhor qualidade da programação midiática, por exemplo, sem fomentar uma organização social composta por cidadãos que tenham amplas possibilidades de desenvolver pensamentos críticos ou que não precisem se preocupar com questões básicas de existência. Portanto, levando-se em consideração que a  mídia condiciona e é condicionada por outras áreas, não faz sentido algum falar em melhorias no sistema de comunicação em larga escala sem propor um projeto sólido de mudança global da sociedade. 


quinta-feira, 17 de março de 2016

Se houver golpe, não será indolor

É claro que há um golpe midiático e judiciário no Brasil. Imagino que a presidenta Dilma Rousseff deveria denunciar isso à comunidade internacional. Os golpistas são os grandes meios de comunicação que defendem os privilégios de uma elite arcaica e escravagista. Na verdade, os adversários à direita da presidenta Dilma pretendem resgatar o projeto neoliberal que vigorou no país nos anos 1990. Propõem a flexibilização de direitos trabalhistas e o fim das vinculações orçamentárias para a área da saúde e da educação, até retirar da Petrobrás a prioridade na exploração do pré-sal e abrir as portas das estatais para a privatização. 
Como é difícil arregimentar adeptos para tal plataforma, nas ruas, a oposição, vinculada com grupos midiáticos e setores do Judiciário, recorre ao tema do combate à corrupção que tem impacto popular. E, com o discurso da corrupção, eles neutralizaram ou atraíram setores populares para a campanha golpista. Hoje tem setores populares que estão neutralizados diante dessa campanha ou foram atraídos para ela por causa do discurso da corrupção, que é o discurso ao qual recorrem as minorias que não podem expor seus verdadeiros programas. 
O pior, no entanto, é que a retórica da moralidade é apenas isso: retórica. E claro que não podemos acreditar nesse discurso à medida que ele é seletivo. Se eu falo que luto pela corrupção, mas só luto contra a corrupção de um lado, então não é contra a corrupção que eu estou lutando. E é isso que está acontecendo no Brasil. Lamentavelmente, a organização criminosa Rede Globo - e asseclas - anestesiam a população com um discurso moralista que, na verdade, esconde os seus verdadeiros objetivos. 
O golpismo que ninguém sabe onde vai dar. A ofensiva contra o mandato da presidenta Dilma deve ser classificada como um golpe. Desde a vitória de Dilma nas eleições de 2014 a oposição busca pretextos para retirá-la do cargo. Primeiro, questionando o resultado das eleições, depois, alegando defeitos na prestação de contas da campanha, em seguida, veio o argumento das tais pedaladas fiscais. 
Então são sucessivos e distintos motivos, com um único objetivo, que é depor a Dilma. Além disso, procuram criminalizar o ex-presidente Lula para que não concorra nas eleições de 2018. Perfeito o golpe. E a população anestesiada por estes bandidos. A única coisa que há de verdade é isso. O resto é pretexto. Então, não merece credibilidade. Eles querem é anular o resultado eleitoral de 2014. É um golpe branco, como foi o do (ex-presidente Fernando) Lugo no Paraguai. 
Entretanto, é necessário alertar para os riscos que podem vir dessa estratégia da direita. que passa por cima da Constituição. Essa investida pode ter consequências imprevisíveis até para a oposição. Com o golpe, eles não querem uma ditadura, querem uma nova eleição - ou o Aécio ou (Michel) Temer: enfim, aí varia. Mas uma coisa é o que eles planejam, o que eles querem ou desejam. Outra coisa vai ser o resultado histórico dessa monstruosa agitações que eles estão fazendo e dessa operação arriscada de rasgar a Constituição que eles estão fazendo. 
A UDN apoiou o golpe de 1964, com a expectativa de que haveria eleição para presidente em 1966. Carlos Lacerda era candidatíssimo, se considerava praticamente eleito. Mas não foi como eles esperavam., não combinaram com os militares e os militares ficaram no poder. Lacerda, em 1968, estava na Frente Ampla contra o governo militar. Então as coisas não saem como planejadas. 
Portanto, se houver golpe, não será indolor. 
Diferente do cenário em que se deu o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, uma investida contra o mandato de Dilma não passará em brancas nuvens. Haverá resistência e a sua repressão pode levar o país a uma situação imprevisível. Não vai ser uma operação indolor como foi a substituição do Collor pelo Itamar. E, em não sendo, vai haver atrito e, em havendo atrito, a coisa pode tomar um rumo que eles mesmos não estão imaginando agora. 
A deposição de Dilma, vai haver resistência sindical, do MST, dos estudantes e partidos. Aí você chama a PM para conter. Pode não bastar. Aí você decreta estado de emergência. Quer dizer, a coisa vai complicar muito mais do que eles estão planejando.  
Os trabalhadores é que vão pagar o preço mais alto dessa conta. Será uma política de terra arrasada. E, dessa forma, os sindicatos deveriam estar nas ruas e panfletando suas categorias alertando para o perigo que os espera. Isso porque estão anestesiados pela organização criminosa Globo e asseclas da Grande Mídia, junto com setores fascistas da sociedade e do Judiciário. 

sábado, 5 de março de 2016

A falta que faz um Brizola

Leonel Brizola foi, sem dúvida, um dos maiores brasileiros que este país já teve. Tentou a Presidência da República três vezes, mas não obteve sucesso, o que foi uma pena, em função da perseguição que sofria da Rede Globo de Televisão, esta organização criminosa. Brizola teve um papel fundamental no golpe de 1964 quando criou a Rede da Legalidade para garantir a posse do presidente João Goulart, e depois propôs a resistência contra os golpistas a partir do Rio Grande do Sul. João Goulart cometeu um erro político sem fim ao não permitir a resistência. Teríamos condições de ter feito um acerto de contas contra esta elite preconceituosa e escravagista que existe no Brasil. Preferiu fugir para o Uruguai e, dessa forma, evitar uma guerra civil. Brizola ficou com mágoas de Jango justamente por não ter tido a coragem de lutar. 
Evitamos uma guerra civil, mas milhares de brasileiros foram torturados e mortos durante o regime militar, e inúmeros outros tiveram que ser exilados, inclusive, Leonel Brizola. O III Exército já tinha aderido a luta pela manutenção de Jango Era só autorizar e Brizola teria enfrentado os militares. Foi uma perda histórica sem fim que até hoje enfrentamos as consequências. Esta elite que não quer perder os seus interesses, que se acham no direito de querer um golpe de Estado. 
Imagino Leonel Brizola vivo e, mesmo já com idade avançada, enfrentaria estes fascistas, a exemplo do que fez em 1964. Ele não temia a luta e enfrentava esta canalhada fascista sem medo. Uma pena que o Brasil tenha tanta falta de Brizola. Com certeza, teríamos uma Frente em Defesa da Democracia contra os golpistas. 
Espero que os verdadeiros democratas desse país tenham o espírito de Leonel Brizola e enfrentem a situação com coragem. Não tenha medo dos fascistas. É hora de luta. 

terça-feira, 1 de março de 2016

Uma Polícia Federal sem controle


A queda do mais inepto ministro da Justiça da República, José Eduardo Cardozo, mostra um legado terrível para o Brasil. O país tem uma polícia Federal que se transformou em uma polícia política, sem controle que persegue um grupo político, no caso, o PT, e fecha os olhos para a roubalheira denunciada envolvendo amplos setores do PSDB e outros setores conservadores da sociedade. A PF se transformou em uma polícia própria de uma ditadura em uma democracia. 
A PF escondeu o nome do senador José Serra (PSDB-SP), que constava no relatório da perícia do celular do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato. Em compensação, age abertamente contra figuras de governos petistas. Na eleição de 2014, integrantes do órgão criaram no Facebook uma página, onde fizeram campanha veemente contra a presidente Dilma Rousseff, inclusive com manifestações de ódio ao PT. 
O advogado criminalista Patrick Mariano disse recentemente que a "PF se tornou um aparato estatal poderoso, seletivo, ideologicamente, que desrespeita direitos individuais". E ele diz com todas as letras que "a autonomia absoluta, total, da PF foi o canto de sereia pelo qual o projeto petista se deixou levar". E diz que "a PF é um Departamento do Ministério da Justiça e como tal deve ser tratada e gerida. No governo Lula se criou essa ideia de autonomia, só que na época havia um controle maior do que hoje". 
A PF hoje não tem qualquer controle da sociedade civil, e no ritmo atual de ilegalidades e arbitrariedades, o órgão caminha para ser uma nova Pide - a Polícia Política Portuguesa - ou simplesmente ingovernável. 
Atualmente, assistimos ao vazamento seletivo das delações premiadas feitas em segredo de Justiça e à colocação de grampos em celas da Polícia Federal, onde estão presos pessoas acusadas na Lava Jato. É impressão ou se está passando por cima de garantias constitucionais como na ditadura? 
Assim como o "mensalão" - uma farsa tão evidente que no futuro deixará os pesquisadores alarmados, tal a facilidade de detectá-la - a "Lava Jato" se apoia em dados tão frágeis do que a convicção de um cínico. 
O ponto de partida de suas diatribes são declarações de ex-funcionários corruptos da Petrobras dando conta da formação de um cartel de empreiteiras para participar de contratos da empresa - prática, aliás, contumaz e que atingiu não só a Petrobrás (o metrô de São Paulo é outro exemplo, para citar um caso de dimensões semelhantes ao da Petrobrás). 
Na investida sobre as empreiteiras, com métodos criminosamente coercitivos, o juiz Moro conseguiu, em suas delações premiadas forçadas por prisões em escala, apenas confissões de que o dinheiro não saiu da Petrobrás, mas dos lucros dos contratos obtidos pelo cartel. Não há, em todas as delações, nenhuma afirmação de que o dinheiro saiu da estatal ilegalmente. Desse lucro, uma parte foi para doações aos partidos políticos, sendo que o único perseguido, o Partido dos Trabalhadores (PT), foi, entre os grandes, o que menos recebeu recursos dessa fonte. 
Como todos os partidos tiveram suas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral, o que resta são ilações, suposições e acusações infundadas. Ninguém da "Lava Jato" se deu ao trabalho de pedir uma auditoria nas contas desses partidos para rastrear as alegadas ilegalidades. Tudo simples, tudo fácil de compreender. Mas a mídia bateu tanto nessa farsa comandada por Moro que a população em geral não tem a menor ideia do que realmente vem acontecendo. E foi na esteira dessa "desinformação organizada", como dizia Umberto Eco, que o juiz do Paraná decidiu dar seu passo mais ousado, ligando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às tais empreiteiras. Moro age com a missão de fazer a caça entrar na mira dos atiradores - nesse caso Lula e a mídia. 
Foi assim que Moro montou em Curitiba a sua versão da "República do Galeão", como ficou conhecida a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, quando lá foi montado, em agosto de 1954, um aparato da Aeronáutica para interrogar suspeitos no atentado da rua Tonelero, que feriu o udenista e golpista Carlos Lacerda e matou o major da Força Aérea Brasileira (FAB), Rubens Vaz. Os interrogatórios transcorriam em meio à crise do governo e às acusações de corrupção e aumentavam a pressão sobre o presidente Getúlio Vargas, que resultou em seu suicídio. 
A mídia conseguiu destilar tanto veneno contra Lula que boa parte da população começa a acreditar em suas parolas. É o ódio gratuito, com tantas vezes grassou na  história brasileira. Ódio ao povo, aos de baixo, aos negros e índios que tentam entrar no clube do poder. Lula é um expoente típico desse povo. Nem no sítio ele pode pisar; os caçadores estão sempre de arma em punho para completar os serviços do juiz de Curitiba. 
O problema é que a tendência humana é a de acreditar muito mais do que se vê do que no que se lê - ou se ouve. Dai a repetição e a renovação da roupagem das "denúncias" numa velocidade estonteante. Para encobrir a realidade, quanto mais manchetes funéreas, melhor. Investigar é bem diferente deste encontro do estardalhaço com a inutilidade, uma patifaria que já entrou para o folclore como símbolo da vigarice que norteia a mídia brasileira.