quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Jornalismo porco e vagabundo

"Como você conheceu a Marcela?" é a pergunta-síntese da desintegração ética do jornalismo brasileiro. O espetáculo oferecido por “jornalistas” marrons do Roda Viva, transmitido pela TV Cultura, na entrevista com Michel Temer, é algo lamentável e só pode ser considerado “porco e vagabundo”. Este é o jornalismo que permeia a imprensa atual, chapa branca, que fala bem porque é bem pago. É importante lembrar que os melhores jornalistas brasileiros hoje estão fora da imprensa porque foram perseguidos justamente em função de dizer a verdade. Hoje temos capitães do mato no jornalismo que fazem o serviço sujo do senhor de engenho da imprensa.
Mas voltemos as perguntas, como essa de como ele conheceu Marcela. Primeiro, porque é absolutamente irrelevante. O cara é considerado ilegítimo por imensa parcela da população (e É); sua vida romântica não importa. Como ele é um golpista abominado pela população - até mesmo por quem não gostava de Dilma -, não dá entrevistas e, assim, esta seria uma oportunidade ímpar para que jornalistas de verdade pudessem questioná-lo sobre a gravação do "ministro" Jucá no qual este planeja o golpe; sobre os 23 milhões de caixa 2 depositados na conta do "ministro" Serra; sobre o cheque de um milhão em seu próprio nome, e assim por diante. "Ah, mas eles perguntaram sobre o cheque!". Não, eles TOCARAM NO ASSUNTO, o que é bem diferente. Questionar é fazer perguntas complementares, apontar as provas que desmentem a resposta e, principalmente, voltar ao assunto se o entrevistado tenta desviar o foco da conversa.
Em vez disso, os "jornalistas" (haja aspas pro Brasil de hoje) preferiram fazer perguntas adolescentes que seriam bem mais apropriadas em uma matéria de Caras.
Em segundo lugar, fizeram uma pergunta cuja resposta todos sabem: ele conheceu a esposa quando tinha 60 anos e ela, filha de um amigo, era menor de idade. O único propósito da pergunta, portanto, era o de tentar "humanizá-lo". E quem faz isso não é jornalista, é um Relações-Públicas.
Não é à toa que, após a entrevista, Temer, o Pequeno, gravou um vídeo no qual agradeceu pela propaganda. E, sim, ele disse "propaganda". Porque maior do que a falta de caráter de nossa imprensa é a cara-de-pau de sua criação.


sábado, 12 de novembro de 2016

Somos brasileiros que não pertencemos mais a este país

Este turbilhão de canalhices que está sendo feitos por este governo golpista me faz sentir, em algumas vezes, como se outro país tivesse invadido o Brasil. São medidas extremamente desnacionalizantes, embrutecimento do jogo contra trabalhadores e a população em geral, com a retirada de inúmeros direitos, entre outros absurdos. E tudo isso acontecendo como se tivéssemos vivendo uma “censura”, já que os principais meios de comunicação fazem o jogo sujo de esconder toda esta safadeza do povo brasileiro. Como disse anteriormente, a sensação é que o povo brasileiro tomou Rivotril e assiste tudo passivamente, com exceções aqui e acolá. Alias, vários ficam nervosos quando você critica o atual quadro do país, e mandam você para Cuba. Bobos, não sabem que os sistemas de saúde e de educação de Cuba são os melhores do mundo. Apesar de ser pessoas com cursos universitários, sofrem a lavagem cerebral de Rede Globo et caterva.
Nunca se concentrou tanto a riqueza – porque tirar dos pobres o serviço público não é outra coisa – e nunca se a transferiu tanto para fora, ou ao menos não com tamanha desfaçatez. A questão do pré-sal é algo assombroso. Simplesmente estamos dando o nosso passaporte para o futuro para as multinacionais se enriquecerem e oferecerem um ótimo nível de saúde aos povos de seus países de origem. E tem gente, que de forma burra, aplaude isso. Mas é agora que estamos no caminho “certo”.
Tem uma tal de PEC – antes 241, agora 55 – que vai limitar por 20 anos investimentos na educação e saúde, o que será uma tragédia para o país e nos levará para índices africanos, com pessoas morrendo nas ruas e estudantes sem escolas, já que o objetivo é privatizar o ensino, entregando a educação para as famigeradas OSs. Mas, isso não importa. O problema foi o Bolsa Família, foi este desastroso aumento do salário mínimo, esta porcaria do petróleo do pré-sal, foi a Copa, foi a distribuição de renda!
Parafraseando o grande jornalista Fernando Brito – este sim, jornalista na acepção da palavra, não estes capitães do mato que moram hoje nas redações para fazer o jogo sujo da chamada “grande mídia” , “ainda bem que nos vieram estes rapazes imberbes e cristãos, sofridos nas duras necessidades de quem tem de viver com a mixórdia de R$ 25 ou 30 mil por mês, que recebem auxílio para morar nas casas que são suas e que são pilares de Justiça e da Fé para nos redimir destes “monstros”.
Agora, sim, temos um país a caminho da felicidade, comandado por uma nulidade que, entretanto, é capaz de dizer obviedades com pompa e, num gesto de mão, espantar os críticos como quem espana moscas.
Temos uma crise, mas é certo que sairemos dela, certo que com a educação destruída, os hospitais abandonados, o Estado retalhado e vendido e os homens e mulheres – sabemos todos que a tecnologia nos tornou menos produtivos que nossos avós – tendo de trabalhar quase até o último suspiro de suas existências.
Trabalhar, sim, porque isto faz bem às costas doloridas, às pernas manquitolas e à alma exausta, desde que por mais horas por semana e menos salário no mês. Diante disso, você se sente um estrangeiro no seu próprio país, porque tenho esta deformação ideológica – comunista, por certo – de pretender que este seja um país autônomo, que as pessoas sejam essencialmente iguais em direitos e que a finalidade do conhecimento, do progresso econômico e da civilização seja a de nos livrar do sofrimento, da necessidade, da barbárie, da selva e da exibição de presas, como fazem os cães.
Não é o Brasil que não pertence aos brasileiros. Somos os brasileiros que não pertencemos mais a este Brasil.

MINISTRO DA SAÚDE, JOSÉ FERNANDES E ONCOLOGIA NO HR – É gratificante e merece aplausos a atitude do prefeito eleito, José Fernandes (PDT) em ir até Brasília conversar com o ministro (?) – ou mascate - da Saúde, Ricardo Barros, para aguardar até janeiro a manutenção do serviço de oncologia no Hospital Regional de Assis. Todavia, imagino que não deva ter tantas esperanças assim. Leia a entrevista que este energúmeno deu à BBC de Londres sobre a questão da saúde pública no Brasil.
Este “mascate” da saúde, diz com todas as letras, que os que desejam um sistema de saúde que atenda todos os segmentos da população – “não são técnicos, nem especialistas, são ideólogos que tratam o assunto como se não existisse o limite orçamentário, como se fosse só o sonho”. Ele defende à BBC, simplesmente, a parceria público-privado na saúde. Aliás, desde quando saúde privada no Brasil é saúde privada, se boa parte dela é paga pelo Estado brasileiro na forma de isenção tributária, que chega a R$ 20 bilhões e representa quase um quarto do orçamento do Ministério da Saúde?
Parceria público-privada é isso aí e se o senhor quiser saber como é lucrativo, pergunte ao notório banqueiro André Esteves, que ganhou um dinheirão comprando planos de saúde e vendendo a conglomerados estrangeiros…
Mas isso ele sabe, tanto que chamou as seguradoras de saúde para ajudar a montar uma proposta de “planos de saúde acessíveis”, com cobertura de atendimento reduzida, para o público de menor renda.
O ministro pode não entender nada de saúde ou de humanidade, mas de negócios, entende. Diante disso, imagino que o futuro prefeito de Assis não acredite que este ministro que defende abertamente a entrega da saúde pública ao setor privado vai fazer esforços para manter o serviço gratuito de oncologia no Hospital Regional de Assis.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Colocaram rivotril na água dos brasileiros

É inacreditável o número de medidas que o governo federal realiza e ninguém se mobiliza, aceita tudo passivamente, sem tomar qualquer atitude. O único setor que enfrenta corajosamente esta situação são os estudantes, tanto os universitários (setor público) quanto os secundários. A proposta do governo federal de repassar a conta da sua má gestão para o cidadão, principalmente o mais pobre, é assustador.
O que é mais espantoso ainda com a passividade dos brasileiros.  O que se deve questionar é a seriedade da proposta governamental, pois é difícil compreender como o poder público pode manter tanta mordomia e excessos numa situação de grave crise. O Estado deveria suspender a utilização de carros oficiais, paralisar os contratos de marketing, interromper o pagamento de passagens aéreas e diárias de viagens, suspender o pagamento de gratificações de todo tipo e etc, enfim, cortar na própria carne.
Para o Estado é mais fácil diminuir o número de famílias que são atendidas pelo Bolsa Família ou cortar estudantes beneficiados pelo FIES do que suspender a utilização de centenas de carros oficiais com seus respectivos motoristas. Afinal, a população pode ficar sem comer, mas um secretário de estado, um deputado, magistrado, ou procurador, não pode andar no seu próprio carro ou utilizar táxi ou Uber.
O governo deveria elevar, sem possibilidade de repasse para preços, os impostos dos mais ricos, dos bancos, das indústrias automobilísticas e farmacêuticas e das empresas que se beneficiaram de isenções fiscais, ao invés de sobrecarregar justamente os funcionários públicos e aposentados, que já se encontram no limite de seus gastos.   Há ainda casos de municípios que pagam um adicional aos seus vereadores para que possam comprar o seu paletó e o dos magistrados que ganham um auxílio para pagar a faculdade dos seus filhos.
Aprovaram o projeto, embutido nesta maldita PEC 55, que não vai haver mais reajuste ao salário mínimo. Será que os brasileiros têm conhecimento disso? Aprovaram a partilha do pré-sal, uma riqueza inestimável que agora será explorada pelos saqueadores estrangeiros, e no outro dia, o golpista Michel Temer, recebe o presidente da Shell. É um acinte e uma bofetada na cara dos brasileiros. Parece que somente as pessoas mais esclarecidas é que têm noção do que vem acontecendo no Brasil. Quando os brasileiros acordarem desta longa noite de sono, vão saber que estarão no inferno na acepção da palavra.

Só com muita mobilização social, ocupando as ruas de forma organizada e contundente é que se poderá mudar o panorama. Ah, mas o Rivotril que dão ao brasileiro não está na água, e sim aplicado à conta gotas pela Rede Globo, Folha, Estadão, Veja, e outras porcarias semelhantes.