domingo, 30 de dezembro de 2018

Um olhar da psicologia sobre o fenômeno COISO


Em 64, o inimigo se impôs. Agora, elegemos ele de boa vontade, espumando de ódio e rindo ao mesmo tempo, como uma psicose coletiva. A sombra se agigantou e invadiu a psique coletiva, sem freio de ego, sem freio de ética. Quem conhece sabe a força física de um psicótico em surto. Precisam de várias pessoas para conter. É uma força absurda. Em nível macro, é o que está acontecendo.
Por que NENHUM argumento quebra a idealização, a idolatria por Bolsonaro?
Simples. Porque ele é literalmente o representante do povo. Ele deu voz ao povo. Ele é o ícone que botou a cara no sol e onde todos os bolsonaros puderam se ancorar e se sentir livres para quebrar as porteiras do freio social, da ética e do equilíbrio, colocando todos os seus monstros para fora, puderam sair do armário com legitimidade e segurança. E com muita força. Muita violência. Assim como um psicótico em surto. O povo é Bolsonaro. Ele é o representante de tudo aquilo que essas pessoas são mas até então não podiam assumir. Agora, podem. Porque ele chegou e mostrou que com ele podem se sentir em casa. Ele só abriu a porteira.
O maior perigo desses tempos nem é o Bolsonaro em si. São os bolsonaros soltos pelas ruas, no trânsito, nos locais de trabalho, nas casas, nas vizinhanças, nas igrejas. São esses bolsonaros que vão exterminar os civis do sexo feminino, os civis não cristãos, os civis de baixa renda, os civis que não obedecem à heteronormatividade e os civis descendentes da escravidão. É uma ditadura às avessas. É uma ditadura que vem das ruas. Dessa vez não é de cima pra baixo. É de baixo pra cima. Os bolsonaros saíram à luz do dia para impor uma nova (antiga) ordem, elegendo o seu maior representante, que teve a audácia de colocar a cara no sol, porque sabia que estava em consonância com o coletivo. Ele apareceu com segurança e tranquilidade. Porque o trabalho e o esforço não é dele. É do povo. Ele não precisa sequer fazer discurso, debater, argumentar. Porque não é disso que se trata. Não é isso que determina a sua eleição.
Por isso, mesmo com todos os FATOS apresentados, com todos os argumentos estatísticos e intelectuais, não haverá meios de mudar essa realidade em curso, que vai se concretizar. Um dos critérios para se identificar um delírio dentro de um quadro psicótico, é a grande resistência aos dados de realidade. O delírio não cede à realidade. Ele permanece obstinado e na certeza da sua verdade. A pobreza de discurso, o rebaixamento da cognição também são sintomáticos.
O povo brasileiro é bolsonaro.
Segundo o budismo, tudo é impermanência. O que nos resta é acreditar nas forças do Universo e esperar passar esse período sombrio de ódio, falta de ética, de respeito, de corrupção e limitação das consciências. Tudo passa. Bolsonaros também passarão. A psiquiatria diz que uma psicose não se cura. Ela é controlada, contida. Eu ainda tenho esperanças que um dia surja uma saída mais criativa para a psicose, e que ela deixe de ser um atentado ao ego e à consciência, que se fragmentam fácil quando um Bolsonaro, por exemplo, chega por trás, rasteiro, e se instala como patógeno psíquico ao longo dos anos, constelando todos os seus delírios de grandeza, suas paranoias e sua violência na sociedade. Porque isso não é de hoje. Essa é a história do Brasil.
Até lá, resistiremos, pois a psique, individual ou coletiva, sempre é autoajustável, sempre busca o equilíbrio. É da sua natureza.

Texto produzido pela psicóloga Eni Gonçalves de Fraga

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O erro de Lula ter se entregue ao Partido da Justiça

O maior erro político de Lula - e do Partido dos Trabalhadores - foi ter se entregue ao que se convenciona chamar de Partido da Justiça, esses "justiceiros" que atropelam o Direito para fazer aquilo que chamam de "Justiça". Todos imaginavam que seria fácil provar que as denúncias contra Lula eram inconsistentes, e por isso, qualquer tribunal superior derrubaria a ordem de prisão do juiz de primeira instância de Curitiba (PR). 
Entretanto, o que esqueceram é que temos uma justiça aparelhada no Brasil e que age de acordo com os interesses dos poderosos. O maior exemplo disso foi o voto dos três desembargadores do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre que, ao analisar os recursos feitos pelos advogados de Lula, leram a mesma peça, como se tudo tivesse combinados anteriormente. 
E, a partir daí se cometeram os maiores abusos jurídicos contra o ex-presidente Lula. Tanto é que inúmeros juristas brasileiros que merecem realmente este título ficam horrorizados com o que está sendo feito. E inúmeros juristas internacionais, assim como organizações e governos, simplesmente não entendem como se pode cometer tal desatino. 
Na verdade, tudo isso tinha como objetivo principal retirá-lo da disputa presidencial de 2018 já que era amplo favorito. E não iam dar de mão beijada algo que tiveram que tramar um golpe de Estado, o de 2016, com a retirada de Dilma Rousseff do poder para permitir que Lula fosse candidato. 
E agora ficam arrumando novas denúncias contra Lula com o objetivo de só deixem a masmorra de Curitiba morto. Por isso, o erro de ter se entregue aos seus algozes. Lula deveria ter resistido à prisão. Se houvesse repressão, teriam que assumir a derrubada de sangue. Ou Lula deveria ter pedido asilo político a um outro país, como fizeram o ex-presidente Rafael Correa, do Equador, ou Alan Garcia, do Peru. Correa pediu asilo político à Bélgica, enquanto Alan Garcia ao Uruguai. Eles sabiam que sofreriam processo semelhante, já que na América Latina substitupiram os tanques pela ditadura de toga. 
Não há como enfrentar uma justiça aparelhada que já tem a sentença de antemão. Infelizmente, os "iluminados e almofadinhas" do PT acreditaram na institucionalização e entregaram a cabeça de Lula a prêmio. Foi uma das mais absurdas decisões já tomadas. Infelizmente, no Brasil, quando a direita bate o pé, a esquerda sai correndo. Só resolveremos o enfrentamento com a elite deste país quando a enfrentarmos de verdade. Estou acabando crendo nas palavras do brilhante jornalista Mino Carta, editor-chefe da Carta Capital, quando diz que a solução para o Brasil "é sangue na calçada". 
Infelizmente, o PT ainda acredita na via institucional, e por isso, vão deixar Lula apodrecer na cadeia. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Vamos voltar a produzir Pau-Brasil

É inacreditável - e assustador - esses nomes que o presidente de extrema-direita está anunciando, principalmente aqueles que vão comandar a economia. Apesar que em outros setores, a situação também não é diferente. São verdadeiros entreguistas e lesas-pátria. O futuro ministro da Economia, um tal de Paulo Guedes, uma figura desconhecida e rocambolesca, é favorável à privatização de inúmeros setores da economia, principalmente de importantes empresas estatais. 
Para presidir a Petrobrás, foi anunciado um Chicago Boy, um neoliberalista de quatro costados, que já defende abertamente a privatização da BR Distribuidora. O nome desta figura não poderia ser tão sútil: Castelo Branco. E, que em passado não tão remoto assim, defendeu a privatização da Petrobrás. Além disso, estes seguidores da política econômica ultraliberal de Pinochet, são favoráveis a privatização desenfreada, o que levará o Brasil à selva. 
Em um passado não tão distante, importantes brasileiros criaram tecnologias que nos levaram ao topo do mundo em áreas como o petróleo e a aviação. O geólogo Guilherme Estrela descobriu o pré-sal no Brasil, ou seja, petróleo em águas profundas. Esta descoberta nos tornou pioneiro nesta área em todo o planeta e faria do Brasil autossuficiente em petróleo, além de destinar os recursos dessa riqueza para nos tornar definitivamente um país de Primeiro Mundo, oferecendo uma vida digna a todos os cidadãos brasileiros. 
O coronel Ozires Silva, comandando um grupo de militares brasileiros, criou a Embraer cujos aviões,  em parceria com a Grippen sueca, serviriam para proteger as Amazônias Verde e Azul, assim como o nosso pré-sal. Não é segredo para ninguém que o pré-sal está sendo entregue às petroleiras estrangeiras por este - como bem diz o jornalista Paulo Henrique Amorim - "presidente-ladrão" cercado por uma camarilha chamado Michel Temer. Já a Embraer foi entregue aos norte-americanos da Boeing por este mesmo golpista intitulado Michel Temer. 
Estas duas importantes atividades da economia nacional criou inovações tecnológicas seguindo padrões mundiais. E vai tudo água abaixo. Ou seja, para o lixo. Essas áreas são estratégicas para a defesa nacional e para a economia brasileira. E serviriam para dar milhares de empregos para trabalhadores e engenheiros brasileiros. Todos, com salários vantajosos. 
Este Paulo Guedes tem uma última bala de prata que vai trazer infortúnio aos brasileiros. É abrir a economia e reduzir as taxas de importação, fazendo com que os brasileiros consumam produtos importados. Mais baratos, porém, feitos por trabalhadores e engenheiros estrangeiros. É o mesmo futuro comandante da economia que disse textualmente em entrevista à uma revista de circulação nacional que "vai salvar a indústria, apesar dos industrias brasileiros". Disse que acha a "indústria nacional um lixo'. 
Vão copiar Fernando Henrique Cardoso e seus asseclas que quebraram a indústria brasileira. Quem quiser ver o absurdo disso tudo leiam o livro "O Príncipe da Privataria', de Palmério Dória. Entretanto, estes antinacionais que assumem o poder no dia 1º de janeiro de 2019, vão retornar ao tempo de Pinochet que, simplesmente, quebrou o Chile. 
Diante deste quadro, vamos voltar a produzir Pau-Brasil...


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

BLOG DA LIBERDADE: Confesso que perdi...

BLOG DA LIBERDADE: Confesso que perdi...: Peço licença a um dos maiores jornalistas do Brasil - Juca Kfouri - que escreveu -(e publicou) - recentemente um belo livro com este títul...

Confesso que perdi...


Peço licença a um dos maiores jornalistas do Brasil - Juca Kfouri - que escreveu -(e publicou) - recentemente um belo livro com este título mostrando que apesar de todas as suas lutas empreendidas em vida, chega neste momento de sua existência e confessa que perdeu. Por isso, o título do livro de quem tomo emprestado para ilustrar este artigo. 
Quando comecei os meus estudos em Bauru, me engajei na luta contra o moribundo regime militar que chegava ao fim nos estertores da década de 1970 e me envolvi com a política no sentido de encontrar as melhores pessoas - e partidos - que viessem a melhorar a vida da população. 
Porém, toda uma luta que mirava um país melhor (e tudo indica para isso) ruiu com o golpe perpetrado por uma elite anacrônica contra a presidenta Dilma Rousseff em 2016. Subiram ao poder o que existe de pior na política nacional, com inúmeros deles envolvidos até a medula em corrupção, assim como um vice traíra que tão bem o brilhante jornalista Paulo Henrique Amorim chama de "ladrão". 
Se tudo indicava que o quadro poderia ser revertido nas eleições de 2018, tivemos que nos curvar à Lei de Murphy, ou seja, "o que é pior pode piorar ainda mais". E nos mostra que o poço pode ser mais fundo do que parece. Com a eleição de um extremista de direita da pior espécie, as esperanças de um Brasil melhor cai por terra. 
Ao contrário, o que se pode observar nesta "transição" de governo é algo surreal e inimaginável, o que nos dá a dica do desastre que está por vir. Francamente, tenho receio de que Brasil sairá a partir de janeiro de 2019. É alguma coisa que nos dá muito medo. Pelas nomeações feitas até agora, simplesmente vão deixar arrasado o que ainda do pouco que existe. 
O que é pior: o campo progressista brasileira está com enormes dificuldades para organizar uma ampla resistência contra o atropelo completo de direitos que este extremista de direita deverá promover no Brasil. Se observa comentários aqui e acolá, mas, na prática, nada de efetivo. 
Diante disso, é com muita tristeza que observo que um país pujante e atuante, com a inserção de milhares de brasileiros como cidadãos, e sua posição como protagonista no mundo, cai por terra. Fico imaginando se valeu a pena lutarmos tanto assim para que chegássemos a este ponto em que se encontra o Brasil. 
Francamente, apesar de toda a luta empreendida, hoje chego mais desiludido contra determinados períodos históricos onde estivemos presentes com nossas lutas. Entendo que traímos a memória e a luta de inúmeros brasileiros que deram suas vidas contra a ditadura militar. Pessoas que foram mortas, torturadas, exiladas e sofreram todo o tipo de privação para que tivéssemos um Brasil melhor. 
No final das contas, temos hoje um país infinitamente pior do período em que estivemos engajados na luta. Espero ainda ter ânimo para empreender novas lutas. Porém, observando a ignorância da população, massa de manobra como nunca, a desesperança ainda é maior. Realmente, confesso que perdi...  

segunda-feira, 26 de março de 2018

O fim das esperanças

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou recentemente uma pesquisa quando diz que aproximadamente quatro milhões de pessoas no Brasil desistiram de procurar empregos porque não encontram mais trabalho. É algo terrível já que, simplesmente, as pessoas desistiram de procurar emprego, algo necessário e compreensível para a subsistência de qualquer ser humano. 
O Brasil chegou a um poço sem fundo, quando destruíram completamente um país para colocarem no lugar diabólico, penalizando a população de uma forma geral. Não há emprego porque a economia está travada, parada e sem qualquer perspectiva de crescimento. Adotou-se uma série de medidas, desde que este governo golpista assumiu, com o objetivo claro de destruir um país e entregar suas riquezas para potências estrangeiras, especificamente, os EUA. 
Vide o exemplo de setores estratégicos do país que estão sendo "disponibilizados" a preço de banana para os EUA e outras potências europeias. Inúmeros direitos dos brasileiros estão sendo suprimidos, de uma forma assustadora, para atender ao capital especulativo. 
O resultado desse desastre é um país regredindo quase 50 anos, milhões de brasileiros retornando à linha de pobreza e a falta de perspectiva das pessoas em arrumar trabalho. O pior direito humano transgredido é quando uma pessoa deixa de arrumar trabalho. 
Esta pessoa vai se sentir um "indigente" social, já que não pode sustentar sua família e vai passar pelas piores privações possíveis. Quando aproximadamente quatro milhões de pessoas deixam de procurar trabalho porque, simplesmente, não o encontra, um caos social se apresenta à porta. É algo muito sério que deveria ser motivo de sérias preocupações dos atuais detentores de poder no Brasil. 
São pessoas, que via de regra, têm que sustentar suas famílias, e a partir do momento que não encontram trabalho, são submetidas à pobreza, privacidade e dependerão de ajuda de outros. Além disso, o risco dessas pessoas caminharem para a marginalidade é muito grande. Afinal, podem ser presas fáceis do crime organizado ou do tráfico de drogas. 
Vivemos atualmente no Brasil uma política perversa de privilégios absolutos às classes sociais mais abastadas e retirada de direitos e penalização dos mais pobres. Onde vai parar tal situação, é uma incógnita. Entretanto, é algo muito perigoso e pode se transformar numa bomba social de resultados imprevisíveis. 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A reforma trabalhista e os incautos

Recentemente, o portal de notícias, Assicity, publicou uma reportagem do presidente do Sindicato dos Bancários de Assis, Hélio Paiva, quando faz considerações a respeito da reforma trabalhista colocada em prática pelo atual governo desde novembro do ano passado. Em sua exposição, Hélio comenta os graves prejuízos que esta reforma provoca aos trabalhadores em todos os sentidos. 
Todavia, lendo três comentários existentes ao final da matéria, é possível observar que estas pessoas, uma delas usando um escudo do Corinthians (robô), promove críticas sem nexo ao presidente do Sindicato. Outros dois seguem na mesma toada. São os incautos - ou reacionários - que são favoráveis a algo que vai trazer graves prejuízos para toda a população. 
O que é estranho é que tais pessoas não conseguem ver um palmo diante do nariz. Ou seja, que esta reforma trabalhista trará prejuízos imensuráveis não só para toda a população, mas, também, aos seus filhos, netos, bisnetos, e assim por diante. 
Esta reforma trabalhista aprovada e colocada em prática no Brasil é extremamente danosa. Os trabalhadores já começam a sofrer os prejuízos desse desatino no dia a dia. Os empregos com carteira de trabalho sofrem quedas constantes, de acordo com o Ministério do Trabalho e do Emprego. Crescem as contratações por tempo determinado, sem as garantias trabalhistas especificadas pela CLT, que, na verdade, foi rasgada, tão ao gosto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 
Atualmente, o trabalhador não tem mais qualquer garantia de emprego. Ao contrário, corre o risco de ser demitido a qualquer hora. Para os incautos, hoje não é mais necessário que o trabalhador faça a rescisão trabalhista com a presença do Sindicato. O empregador pode fazer a rescisão diretamente, o que traz sérios prejuízos ao trabalhador que pode assinar uma demissão extremamente desvantajosa para ele. 
Além disso, o empregador poderá chantageá-lo, dizendo que se o trabalhador não fizer a rescisão diretamente na empresa, poderá não lhe dar emprego mais à frente. Outro detalhe que escapa aos incautos. A cada ano, a empresa poderá "demitir" o funcionário a partir desta nova regra. E se o trabalhador não aceitar as "condições" impostas pelo empregador, simplesmente não continuará no emprego. Isso significa que o empregador poderá empurrar goela abaixo do funcionário uma série de questões errôneas no momento da rescisão porque, se assim não aceitar, ficará automaticamente sem emprego. 
Isso sem falar que o trabalhador poderá ser contratado para trabalhar em um determinado período, ou mesmo, abrir mão de direitos como férias e 13º salário. Isso já vem acontecendo. O que chama a atenção é como as pessoas não se rebelaram contra esta reforma extremamente excludente e desastrosa promovida pela atual cúpula criminosa que governa o Brasil, em parceria com o grande empresariado e os grandes meios de comunicação. 
Se isso tivesse acontecido em qualquer país capitalista da Europa, por exemplo, a população teria promovido uma verdadeira revolução. Seria inaceitável em qualquer país europeu que se tirassem tantos direitos dos trabalhadores como aconteceu no Brasil. Infelizmente, os sindicatos dos trabalhadores não se mobilizaram a contento para evitar tal fato. As manifestações foram fracas. O que se deveria ter feito é até mesmo enfrentar a resistência e invadido o Congresso Nacional para evitar que esta reforma fosse aprovada. 
Neste tempo de injustiças institucionalizadas, caracterizado pela perda de direitos sociais, desemprego, ineguranças que geram medo, num processo permanente de produção e reprodução de desigualdade - é mais do que hora lutar para garantir uma mudança no funcionamento das instituições e do papel do Estado. 
Lamentavelmente, os brasileiros vivem anestesiados pelos grandes meios de comunicação, e acabam comendo no prato deles. Para felicidade dos incautos... Isso até quando estes incautos forem vítimas dessa reforma trabalhista. 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A moral dos imorais

Desde a semana passada, vazou que juízes federais, estaduais ou que ocupam altos cargos nas cortes brasileiras recebem auxílio-moradia, mesmo que a maioria deles possui casa própria e recebem salários em torno de R$ 30 mil mensais. As justificativas são as mais estapafúrdias possíveis, já que alegam que não recebem (?) aumento salarial desde 2016 e o auxílio-moradia serve como “complemento salarial”.
O recordista, segundo levantamento realizado neste domingo (4) pelo jornal “Folha de S. Paulo”  é o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Antonio de Paula Santos Neto, que possui 60 imóveis e recebe o benefício. Suas propriedades estão distribuídas em bairros valorizadas da capital, como Bela Vista, Perdizes e Pacaembu. de R$ 30.471,11, disse que considera inadequado o recebimento do auxílio-moradia, mas justificou a prática alegando que os demais juízes que têm imóveis próprios também recebem o benefício. Além disso, ele também alegou que o recebimento da verba é uma forma encontrada para driblar a fa
À reportagem, o juiz, que tem salário lta de reajuste nos salários dos juízes.
O juiz Sergio Moro também é outro que recebe o auxílio-moradia, mesmo habitando em imóvel próprio em Curitiba. O mesmo ocorre com os três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de Porto Alegre.
São fatos lamentáveis e desagradáveis, principalmente porque é extremamente imoral o recebimento destes valores. Afinal, se alguém tem que dar exemplo é o juiz que aplica a lei. No caso específico do auxílio-moradia, se é legal, baseado em uma decisão do ministro Fux, do STF, é imoral.
Será que estes juízes já visitaram  - ou passaram – perto de favelas ou mesmo das periferias das cidades para observarem como as pessoas moram? Vivem em situação de penúria, vegetando em meio a uma desordem social. O que é mais grave é que estas pessoas trabalham duro diariamente para recolherem impostos elevadíssimos para pagarem justamente o auxílio-moradia dos magistrados.
Não é correto que isso aconteça. É um escárnio com a população, principalmente a mais pobre. Aquela que sofre as agruras de um país injusto no dia a dia. Não é difícil dizer que os juízes formam hoje uma casta de privilegiados no Brasil.
É lamentável observar as declarações do corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, ao dizer que esta questão do auxílio-moradia dos juízes é “picuinha política”.  A população brasileira tem direito, sim, de discutir algo tão importante como esta. Afinal, o por quê juiz tem que receber auxílio-moradia se na cidade onde reside possui imóvel próprio? Os trabalhadores recebem auxílio-moradia? Ao contrário, necessitam trabalhar muito para pagar preços abusivos de aluguéis.
Isso não é picuinha. Isso é imoralidade.

Como juízes vão combater a corrupção, se são beneficiados por algo imoral? Isso faz com que o Judiciário tenha uma péssima imagem junto à população. É um poder mastodonte, vagaroso e que não tende as necessidades da população. Lamentavelmente, podemos dizer que essa é a moral dos imorais.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A Igreja de Francisco e a outra igreja


O papa Francisco tem encontrado muita resistência dentro da Igreja Católica para implementar as mudanças que venham de encontro com os anseios dos fiéis. Após a morte de Paulo VI e João Paulo I, a Igreja Católica passou por um longo período de conservadorismo levado adiante por João Paulo II e Bento XVI.
Todos aqueles identificados com uma igreja aberta e próxima dos pobres, lutando ao lado deles, principalmente na América Latina foram perseguidos e colocados à margem. Foram momentos em que a igreja definitivamente esteve ao lado dos pobres, sofrendo a mesma dor deles, e pagando um preço extremamente alto por esta opção. Foi quando surgiu a Teologia da Libertação que propunha uma igreja engajada na luta diária pelos pobres, à exemplo do fez Jesus Cristo quando esteve na terra.
Neste espectro, destacaram-se, principalmente na América Latina, D. Paulo Evaristo Arns, cardeal de São Paulo, lutando contra os arbítrios do regime militar no Brasil; D. Oscar Romero, arcebispo de San Salvador, na luta pelos perseguidos pelo regime militar e assassinado por um soldado do exército salvadorenho no momento em que fazia a Eucaristia; assim como outros grandes religiosos católicos da época. O mesmo ocorreu com renomados teólogos, principalmente com Leonardo Boff; o peruano Gustavo Gutierrez Merino; e o teólogo suíço Hans Kung; todos identificados com a Teologia da Libertação.
Ao assumir o papado, João Paulo II iniciou um expurgo na Igreja Católica levando ao ostracismo tais religiosos e teólogos. Vários bispos identificados com a Teologia da Libertação, foram colocados em dioceses menores e sem expressão; enquanto os teólogos foram “condenados” ao silêncio ou mesmo deixar a igreja.
O papa Francisco assume tendo que desmontar este arcabouço conservador. O resultado disso é uma oposição ferrenha dos conservadores no Vaticano contra esta prática. O mesmo ocorre no Brasil. Após João Paulo II, temos uma igreja que não vive a realidade do povo pobre. Inclusive, esta prática levou milhares de pessoas das periferias das cidades brasileiras – e latino-americanas – a irem para as seitas pentecostais e neopentecostais que prometem o “céu” na terra.
Estas pessoas se sentiram abandonadas pela Igreja Católica e foram seduzidas pelo apelo emocional e milagreiro destas seitas. O resultado disso é um crescimento descomunal dos evangélicos (mais propriamente destas seitas) e uma redução sem igual do rebanho católico. Ícones evangélicos marcam o cenário religioso brasileiro de forma descomunal, muitos deles amealhando verdadeiras fortunas, viajando de jatinhos de milhares de dólares para cima e para baixo.
Após alguns anos à frente da Igreja Católica, o papa Francisco I não conseguiu mudar ainda a igreja. Ao contrário, principalmente no Brasil, a maioria da igreja é conservadora. O papa Francisco I tem feito críticas fortes ao capitalismo e a forma injusta que leva milhares de pessoas à pobreza. Grande parte dos padres e bispos brasileiros fazem ouvidos moucos a estas críticas feitas por Francisco. O papa se recusa a visitar o Brasil após o golpe engendrado contra a presidenta Dilma Rousseff, apesar dos convites feitos pelo atual governo. Francisco já visitou vários países latino-americanos, mas não inclui o Brasil em seu roteiro de viagem.

Infelizmente, padres e bispos não levam em consideração os ensinamentos de Francisco e suas diretrizes, que é uma Igreja próxima das pessoas pobres. As missas são monótonas e os padres e bispos dizem coisas que não fazem na prática. Inclusive, permitir que divorciados possam ter acesso ao que igreja oferece às demais pessoas. Os bispos e padres brasileiros (não todos, claro) deveriam seguir aquilo que D. Oscar Romero disse antes de ser assassinado em El Salvador: “Jesus Cristo não está deitado em uma rede nas nuvens. Ele está no meio dos pobres, sofrendo suas injustiças e caminhando com eles”.